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sábado, 31 de dezembro de 2011

Sempre é bom lembrar

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Voltei, otários!

Olhem a foto abaixo:






Ela define bem a nossa desgraça: é o Jader Barbalho retomando a posse no Senado depois de ter dado um balão no Ficha-Limpa. Pro evento levou o filho e a filha.
A cara do menino - que não parou um segundo - é a efígie do pai. É a representação livre de tudo aquilo que o senador queria estar fazendo diante das câmeras mas a sua idade não permite. A inocência da criança, que não faz a menor ideia do desenrolar de toda a história que culminou naquele evento de ontem, praticamente nos puxa a orelha. Pois somente quem está alheio a toda e qualquer convenção social onde a moral e a ética deveriam ditar as regras consegue ficar tão serelepe.

O pai tem toda a sua felicidade abotoada debaixo do paletó e gravata, o filho não. Ele faz careta, brinca e acena pros repórteres provavelmente feliz da vida porque o pai, quando finalmente recebeu a notícia que iria sentar em sua cadeira novamente, deve ter lhe prometido mais uma viagem pra Disney, ou uma TV 50 polegadas pra jogar Playstation no quarto. Se já não tem.

O guri, claro, não tem culpa de nada. Mas no futuro, ao começar a adquirir senso crítico e conhecimento, poderá ter duas reações: vergonha, ou admiração. Não tem saída. E a julgar pelo histórico de nosso país não temos muitos motivos para apostar na primeira opção.

Então não se enganem. Quem está nos mostrando a língua é o pai, não o filho. 

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Essa Propaganda é Séria?

Que tal você, adolescente, ter a oportunidade de viver um tempo em um país de língua inglesa - tá, vá lá, nos EUA - onde você vai trabalhar como não trabalha no lugar onde vive, digamos, num restaurante, como garçom ou mesmo na cozinha?  Parece legal?

Claro que parece legal! É legal! É muito legal! Tão legal que segundo um relatório da Association of Language Travel Organisations de 2009, só naquele ano mais de 160 mil jovens brasileiros apostaram nessa aventura.

É o passatempo cultural preferido dos jovens de classe média-alta brasileira. A pessoa aprende sobre a cultura, sobre a vida e a língua do país em que fica. É o sonho de consumo da gurizada. E todo mundo sabe que qualquer jovem adoraria fazer isso e entende que é uma oportunidade fantástica.

Todo mundo menos a Cia Zaffari.

Na televisão gaúcha surgiu uma propaganda de Natal dessa grande rede de supermercados que mostra, ao som de um sucesso sertanejo, a pequena história de um jovem que, para o desespero aparente da mãe, resolve ir para o exterior ( num país de língua inglesa) onde aparece trabalhando na cozinha de um restaurante com a cara de quem está em um campo de concentração, ou na cozinha de um presídio.

Então o rapaz, que tem o cabelo do Fiuk, demonstra uma grande vontade de voltar para passar o Natal na casa da mãe. O objetivo é claro: mostrar que realmente ele queria tudo, menos estar naquele lugar.

Resumidamente, e por incrível que pareça, o cara é colocado numa situação invejável daquela como se estivesse a contragosto. Na cena em que ele parte, aparece a mãe e suas irmãs se despedindo no aeroporto como se ele tivesse sido convocado pra uma guerra.

A conclusão da mini-trama, pra deixar a coisa ainda pior,  ocorre quando seus colegas do restaurante fazem uma vaquina para pagar sua volta ao Brasil para passar o Natal com a mãe. E aí, The End.

A não ser que eu tenha ficado completamente louco, essa peça publicitária simplesmente não faz o menor sentido ou, no mínimo, perdeu a mão. Que diabo de moral quer o autor mostrar, afinal? Que ele vive num mundo onde há uma entidade biruta malevolente que, arbitrariamente, manda jovens pra viver no exterior contra sua vontade e para a tristeza da mãe? Convenhamos. Eu troco de canal cada vez que dá.  Tem uma música chatérrima que só sai do córtex via lobotomia e é enorme!

O pior é que eu tenho certeza que essa propaganda acabou caindo no gosto de muita gente só porque iniciou como um viral no Facebook. O primeiro falou que era algo "emocionante" e que apostava como as pessoas "chorariam ao ver".
Pegou, virou meme. Que saco!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Por que é que eu preciso pagar pela Marcha Para Jesus?

(O texto abaixo mandei para ser publicado em um jornal local aqui em Canoas. Não publicaram.)



Defendo e celebro a liberdade que todo o cidadão brasileiro tem de ter e professar a sua crença, seja qual for, desde que não atente contra a minha liberdade individual.
Enquanto escrevo talvez já se inicie a concentração de evangélicos para a Marcha Para Jesus que ocorrerá na tarde deste sábado, dia 10 de dezembro.

Estava dando de ombros para o evento até ler, no panfleto de divulgação, que a marcha conta com o apoio da Prefeitura de Canoas.

A partir daí eu começo a me sentir invadido. Pois se o cidadão tem garantido por Lei a livre manifestação da sua fé, é importante lembrar também que o Estado é laico, ou seja, não tem nem professa religião alguma. E se a prefeitura de uma cidade brasileira figura na lista dos apoiadores desta marcha evangélica, tenho toda a legitimidade para questionar se o meu dinheiro está fomentando o acontecimento. 
Se o estado não tem religião, significa que ele mantém as portas abertas para que todo cidadão tenha livre manifestação da sua fé. Mas cuidado, há uma diferença abissal entre garantir esta liberdade ao cidadão e dar dinheiro público para que ele a manifeste. 

Um é a característica de uma sociedade livre e democrática, outro é a característica de um favorecimento a um grupo religioso em particular. Tenho sérias dúvidas se o prefeito, por exemplo, garantiria apoio, seja moral ou financeiro, a uma religião com menos adeptos que a evangélica como o judaísmo em uma "marcha para Israel" ou islamismo em uma provável "marcha para Maomé". Da mesma forma duvido que a prefeitura desse os mesmos holofotes para um manifesto secular em prol do pensamento crítico da parte dos em que nada acreditam.

Ademais, por que a prefeitura apoiaria financeiramente uma marcha dessas uma vez que igrejas e templos sequer pagam impostos, e todos nós sabemos que qualquer empreendimento que abra na velocidade em que abrem-se novos templos neo-pentecostais significa tudo menos escassez de fundos?

E mesmo se não houver um centavo da prefeitura no evento, acho extremamente desnecessário que ela coloque o seu logo no panfleto como um dos apoiadores. 

O Brasil ainda não entendeu que quanto mais distância garantirmos entre Igreja e Estado, mais livre e democrática será a nossa sociedade. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Talibã Bolivariano do RS

Nada mais imbecil do que a proposta da bancada bolivariana da Câmara de Vereadores de Porto Alegre ao querer trocar o nome da Avenida Castelo Branco para Avenida da Legalidade.
O formoso argumento dessa plêiade abobada é que "não podemos homenagear torturadores".

Hein? Castelo Branco foi torturador? Ele foi presidente do Brasil. Ok, numa época de ditadura, algo que deploro e não quero de volta. Porém, por mais que presidente A ou B tenha sido conivente, ou mesmo propagador da ideia de torturar inimigos políticos, alterar o nome de uma rua não vai surtir efeito algum em absolutamente nada.

Bem ou mal, temos um passado, uma História. E esta História precisa manter os seus registros. Nem que seja para nos lembrarmos de uma época desagradável e que muitos de nós não têm saudade. Alterar o nome de uma avenida não altera o passado, e muito menos o presente, pois vivemos hoje num momento democrático - embora não totalmente democrático, já que ainda somos obrigados a votar e a servir às Forças Armadas - e se rebatizarmos a dita avenida, como que e um ato simbólico para deletar dos registros o nome de um presidente da época da ditadura, estaremos descaracterizando aquilo que mais nos difere de uma ditadura, que é justamente o espaço para as ideias diferentes e conflitantes das nossas. Sem contar que tem uma boa parcela da população que apoiou e ainda apóia a - segundo eles - revolução de 64.

Sabe, isso me cheira a talibã explodindo estátuas de Buda, ou seja, um ato de extrema intolerância ditatorial. Só não vê isso quem acha que ditadura boa é aquela que está do seu lado.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Aborto, de novo...

Tem um deputado chamado Henrique Afonso, do PT do Acre que propõe a aberração chamada Bolsa Estupro, para, segundo esse estrupício, "evitar que as mulheres vítimas de estupro abortem".

Ou seja, agora além de quererem que você tenha a obrigação de dar à luz uma criança gerada de uma violência sexual, o contribuinte terá que virar "dindo" compulsoriamente.

Quando eu falo que o Brasil vive numa redoma de vidro de onde encubam-se as ideias mais imbecis dizem que eu sou mal-humorado. Mas porra, como é que não vou perder a alegria quando me deparo com uma notícia dessas?

Ainda segundo esse parvo,  "O aborto, para nós evangélicos, é um ato contra a vida em todos os casos, não importa se a mulher corre risco ou se foi estuprada. Esta questão do Estado laico é muito debatida, tem gente que me diz que eu não devo legislar como cristão, mas é nisso que eu acredito e faço o que Deus manda, não consigo imaginar separar as duas coisas."


Ou seja, ele quer legislar para um país multicultural, e que acolhe diversas manifestações de fé, a partir de conceitos e regras inerentes a UMA religião: a dele!

Então vai um recado para ele e para todos aqueles que são contra o aborto: não abortem! Mas não queiram impor uma regra que VOCÊS julgam de uma forma por causa de um conceito religioso (sim, porque todos os argumentos contra aborto são puramente religiosos)  para toda uma população que compreende, inclusive, aqueles que, como eu, acham que o cristianismo é uma bela merda.

Aliás, esse deputado é um belo exemplo de como o aborto, muitas vezes, não é uma má saída...

sábado, 3 de dezembro de 2011

Nada a ver!

Tá rolando, nem sei desde quando, um vídeo no You Tube de um riquinho na praia de Jurerê Internacional, em Santa Catarina, onde ele aparece rasgando uma nota de 20 reais dizendo que aquilo não é nada. Ele está no meio de mesas com bebidas muito caras e coisas do gênero. Logo após o vídeo aparece cenas de gente morrendo de fome.

O recado é óbvio: enquanto você vê esse imbecil rasgando dinheiro, tem gente morrendo de fome.

E daí?

Me digam qual a diferença entre um imbecilóide rasgar 20 reais de outro que gasta 150 num show de pagode? Ou num baile funk? Ou gasta 1300 pra colocar som no carro? Tudo aquilo que envolve dinheiro - não interessa qual soma -  sendo gasto em algo que eu ou você não gastaríamos consideramos "rasgar dinheiro".

A diferença é o inusitado do cara literalmente rasgar uma nota de 20 reais. Mas no fundo é a mesma merda. Primeiro porque o dinheiro é DELE, e assim sendo, o bobalhão faz com ele o que QUISER. Aliás, não é a mesma coisa, pelo menos ele não tá pagando uma parte pro governo.

To defendendo que se deva rasgar dinheiro? Claro que não, eu to falando é que o fato do cara rasga-lo não aumenta a fome no mundo. E simplesmente porque correlação não significa causalidade! Ele rasgou 20, mas a tua vizinha gastou 2000 numa lipo. Qual a diferença? Você gastou 500 pra ir no Eric Clapton, qual a diferença? Eu gastei 600 pra ver Paul McCartney, vou me matar porque tem gente que não pode comprar pão? Claro que não! Eu lamento muito que tenha gente que não consiga comprar pão, mas eu não posso me sentir culpado por isso!

E se rasgar dinheiro é crime, bem, aí eu posso citar uma porrada de coisas que as pessoas também fazem com o dinheiro e que também é crime. Como, por exemplo, comprar CDs e DVDs piratas. Molhar o bolso do segurança pra deixa entrar na frente de quem tá na fila, comprar aqueles aparelhos de TV à cabo desbloqueados. Preciso elencar mais coisas belas?

Então devagar com o andor! Perder tempo com correlações infrutíferas é exatamente o que não podemos fazer.

Fui!