Não mais do que os tabefes na tua fuça.
Muitas coisas me irritam, mas poucas conseguem me deixar no máximo grau de indignação quanto o coitadismo.
Sim, esta praga dos nossos dias que desperta no momento em que alguma pessoa de proeminência desempenha, com sucesso, em sua área. E se essa pessoa for rica, bem, está preparado o palco para que os recalcados de plantão subam nas tamancas e postem a história do seu José, lá de Coronel Bicaco, que capina diariamente para tentar comprar um sanduíche. Como se o feito de um minimizasse o feito do outro.
Porém, tem várias coisas aí que ninguém leva em conta. Como, por exemplo, o fato de que nem todas as pessoas que capinam hoje para comer um sanduíche amanhã estão nessa situação por falta de oportunidade, mas simplesmente porque deram de ombros às oportunidades que tiveram. O quê? Vai me dizer que você nunca ouviu falar em vagabundo? Nasceu ontem, querido? Ademais, em que manual está dito que exaltar o feito de A significa automaticamente desmerecer o feito de B? Por que raios eu preciso me debulhar em lágrimas diante da foto de uma criança com alguma doença (e aqui cabe uma mijada, você que posta fotos de crianças com deformidades físicas no Facebook pedindo like, por que não se filia ao Greenpeace e se joga no Ártico?). Aliás, a burrice acompanha o intelecto danificado dessa galera, que acha que o número de likes numa foto vai garantir tratamento pra alguma doença pra alguém. Deveria, isso sim, ter tratamento mental pra quem pede likes no Facebook.
E isso tudo não existiria caso essa propensão ao recalque, conhecido como coitadismo, não estivesse infectado nosso meio feito o vírus Influenza. Normalmente o incapaz de ter sucesso naquilo que faz culpa tudo pelo seu fracasso, menos a si mesmo. Ou é o capitalismo, ou é o rico, ou é o tempo, ou é o William Boner ou o Galvão Bueno.
Eu prefiro exaltar de igual forma qualquer feito, seja de quem for. Porque, afinal, separar as pessoas em classes ao invés de exaltá-las pelas coisas realmente úteis e interessantes que fazem, é característica desse partido que hoje está no poder.
domingo, 6 de julho de 2014
Quantos Likes Essa Guerreira Merece?
Postado por Paraguaçú Schneidermann às 05:54 0 comentários
domingo, 11 de maio de 2014
É santo e de casa...
Postado por Paraguaçú Schneidermann às 05:26 0 comentários
sábado, 5 de abril de 2014
Rainha morta e rei nu. Que venha a Copa
Postado por Paraguaçú Schneidermann às 04:34 0 comentários
domingo, 30 de março de 2014
Ziriguidum Pantanal, outra odisseia ambiental. À luta!
Postado por Paraguaçú Schneidermann às 05:22 0 comentários
sexta-feira, 21 de março de 2014
Tempestade na Cidade
Texto e foto de Valéria del Cueto
Desde quando estão avisando que as chuvas vão chegar aqui no Rio? Faz tempo. O Climatempo e co-irmãos estão firmando nessa tese, sem muito sucesso, desde o final do ano passado e durante todo o verão que já terminou.
Eram as chuvas de fim de tarde que nunca caíram, as águas de março que estão a caminho e por aí adiante. Um mar de esperanças climáticas não realizadas. E lá se vão os reservatórios já sem chances de recuperarem as chuvas prometidas e jamais desaguadas, cada vez mais minguados, assim como a nossa paciência.
Há quem tenha desistido da tecnologia das informações massificadas por garotas do tempo e seus efeitos especiais nos telejornais, aplicativos nos smartphones e, até mesmo, os horários dos eventos nas páginas das redes sociais que já vem com a previsão do tempo incluída. Outro dia foi disparado um convite irrecusável, mas que ao lado da data e do horário trazia a temperatura prevista e o aviso: TEMPESTADE. E olha que não era nem uma possibilidade, era uma informação monossilábica e demolidora. Intrigada com o detalhe procurei um lugar para desativar a informação e descobri ser impossível. A anti propaganda estava obrigatoriamente indexada na página, desestimulando os convidados ou, no mínimo, recomendando o uso de capa, guarda-chuva e galocha. E olha que o evento pedia traje passeio completo! Vá que “tchova”, cuiabanicamente falando...
Por Cuiabá a situação é inversa. Tanto que a desculpa para o atraso das obras da Copa é a totalmente previsível e anualmente encharcante. “Diz que” a quantidade de chuvas atrapalhou o cronograma do estádio que não está pronto. Mas é o menos atrasado entre os atrasados, comemora o site da SECOPA!
Se a gente considerar que dos 12 estádios 9 já estão entregues chegamos a conclusão aristotélica e pitagoresca, (sem precisarmos aplicar a teoria de Fermat), que somos os antepenúltimos no ranking! (o que parece ser uma grande vitória, especialmente se levarmos em conta que, no caso de São Paulo, o atraso foi provocado pelo acidente com o guindaste, lembram?) Melhor sabermos que pagamos por uma informação tão precisa e animadora disparada para os nossos veículos de comunicação. Afinal, é muita matemática para explicar o inexplicável. A mesma aplicada nos cálculos do custo da obra de construção da Arena Pantanal. Só especialistas de alto gabarito mesmo...
Voltando às águas que não chegam ao Rio de Janeiro: outro dia enquanto, mais uma vez, se anunciava uma virada no tempo cigarras cantavam animadíssimas nas árvores que sombreiam as ruas. O comentário geral era a chuva que chegaria. Quando alguém salientou o fato de que cigarras avisam que o tempo vai firmar... tomou uma vaia. O argumento era de que está tudo muito confuso na natureza e, portanto, as cigarras estavam embolando o meio de campo. Pergunto a vocês: choveu?
Niente. Está quente e seco. O que é problema para uns(Dilma, nossa ex-ministra das Minas e Energia, que o diga se, dessa vez, leu o relatório completo) é alegria para outros: um céu deslumbrante, num azul especial, enfeita o horizonte das fotos que retratam a paisagem da Cidade Maravilhosa divulgadas para incentivar o turismo entre uma notícia e outra de ataques as UPPs, mortes de policiais e seres humanos sendo arrastados nos carros dos PMs. A Copa vem aí!
No céu, as gaivotas enlouquecem. Passeiam em bando de um lado para o outro. “Alinhadas”, disseram, é sinal de que as águas estão chegando. Olho para o Atlântico, na Ponta do Leme. Lá estão elas, bailando bem na linha da água, em voos aparentemente desordenados. Abaixo, a superfície do mar num tom esmeralda, não está espelhada. Parece se mexer. Outro sinal da chuva chegando? Quiçá para eles. Para elas e para mim a situação é clara: há um gigantesco cardume na área e muito alimento para os pássaros. Talvez digam que a peixarada seja o sinal das chuvas que estão a caminho.
Gravata
Dos 12 estádios, 9 estão prontos. Chegamos a conclusão aristotélica e pitagoresca (sem aplicar a teoria de Fermat):somos os antepenúltimos no ranking!
nota do editor:Nossa mulher no Rio, Valéria del Cueto, é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”, do SEM FIM...
Postado por Paraguaçú Schneidermann às 17:00 0 comentários
domingo, 4 de agosto de 2013
Conhece o Ramake? Não? Nem eu! Mas a Folha conhece...
Postado por Paraguaçú Schneidermann às 06:55 0 comentários
quarta-feira, 31 de julho de 2013
Burrice
Sempre fui um iconoclasta. O nome deste blog é uma prova disso.
Mas acontece que eu também sou - veja você - ser humano, e como tal, possuo uma faculdade racional que me permite enxergar os limites das coisas. E você, suponho, compartilha da mesma faculdade.
Isso nos diferencia dos cachorros, por exemplo, quando vemos que não é uma boa ideia sair latindo atrás de carros em movimento. Tivesse o cachorro uma noção de limites, veríamos menos nossos amigões mortos no asfalto. Nem mesmo o seu instinto o salva.
Acho que, darwinianamente falando, a espécie humana é muito apta sobreviver no meio porque demonstra ter noção dos seus limites e se auto-impinge barreiras para sua própria sobrevivência.
Só que essa característica não se vê em todos. Uma parcela pequena carrega em sua formação genética características de total falta de noção de limites e colocam, dessa forma, a sua vida física e social em constante perigo.
Pra ilustrar bem a coisa, coloque nessa sopa os malucos que arriscam suas vidas andando a 180km por hora numa via expressa, fazem ultrapassagens perigosas e irresponsáveis, bebem até estourar o fígado e depois dirigem, andam de moto sem capacete, saltam de paraquedas (sim, isso, na minha concepção, é uma atitude idiota, mas enfim) nadam em locais com quatrocentos avisos que tem repuxo ou tubarões, etc.
A total falta de limites também se vê em atitudes antissociais como as que vimos por parte de um grupo na Marcha das Vadias semana passada.
A primeira vez que ocorreu essa manifestação eu achei justificada. Como resposta a algum idiota que teria dito que a mulher só é estuprada porque sai às ruas vestida de vadia. Aliás, resposta melhor pra uma bobagem dessas não poderia ter havido.
Só que a coisa - como sempre - acaba por cair no lugar comum ao se repetir sem um motivo aparente.
Quem acompanha esse blog, ou me conhece pessoalmente, sabe que sou ateu e sempre advoguei pela total separação de igreja e estado. Cago e ando pra qualquer crucifixo, imagem ou símbolo religioso.
Porém, não acho que isso me dá o direito ao desrespeito. Eu não acho que a atitude daqueles panacas na Marcha das Vadias no Rio, ao mesmo tempo do congresso católico, foi uma boa ideia. Não entendo como pode ser pretendente de conseguir respeito um grupo de pessoas nuas irem às ruas (com os rostos tapados, claro) quebrarem imagens de santos e simularem masturbação com crucifixos.
Isso choca e provoca nojo ao invés de conseguir simpatia à causa. Isso é burrice. É como os médicos fazendo greve não atendendo àqueles que mais sofrem com o problema da saúde no Brasil, ou como os rodoviários não saindo das garagens deixando milhares de trabalhadores desassistidos.
Por mais que eu esteja cagando pra qualquer imagem e simbologia religioso, por mais que eu ache que a igreja católica é nefasta quando demoniza a camisinha, o aborto e os relacionamentos homo-afetivos e adoção de crianças por casais gays, a atitude dessa gente em meio a senhoras e crianças que estavam por perto para acompanhar e praticar a sua fé foi um belo tiro no pé.
Quando eu vejo aquele tipo de cena eu penso em meus pais, que são pessoas a quem tais símbolos são caros. Isso provocaria neles mais revolta e nojo do que qualquer tentativa de parar para pensar na mensagem que eles estariam passando. E aí, ora bolas, a coisa acaba sendo absolutamente inútil e sem sentido.
Tivessem essas pessoas se limitado a erguer seus cartazes com suas mensagens de forma pacífica e menos abjeta, tenho certeza que teriam suas ideias alcançado de forma mais limpa e objetiva os olhos de quem por lá passava.
O que resultou foi que a pantomima agressiva do grupo ofuscou qualquer tentativa legítima de passar uma mensagem procedente adiante e fazer as pessoas pensarem e avaliarem o que defendiam. A sua total falta de limites ou noção de limites transformou o que poderia ser uma oportunidade de serem ouvidos num ritual grotesco e antipático, para dizer o mínimo.
Ou seja, muito obrigado por deturpar totalmente uma revindicação correta pelo laicismo. Vocês conseguiram jogar isso no lixo.
Apenas tenho a lamentar que alguns autoproclamados livre-pensadores e humanistas estão se tornando uma gente que não tem limite algum para sua agenda. Em breve eles acabarão virando uma caricatura de si mesmos.
Se já não viraram.
Postado por Paraguaçú Schneidermann às 09:01 1 comentários