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domingo, 6 de julho de 2014

Quantos Likes Essa Guerreira Merece?

Não mais do que os tabefes na tua fuça.

Muitas coisas me irritam, mas poucas conseguem me deixar no máximo grau de indignação quanto o coitadismo.
Sim, esta praga dos nossos dias que desperta no momento em que alguma pessoa de proeminência desempenha, com sucesso, em sua área. E se essa pessoa for rica, bem, está preparado o palco para que os recalcados de plantão subam nas tamancas e postem a história do seu José, lá de Coronel Bicaco, que capina diariamente para tentar comprar um sanduíche. Como se o feito de um minimizasse o feito do outro.

Porém, tem várias coisas aí que ninguém leva em conta. Como, por exemplo, o fato de que nem todas as pessoas que capinam hoje para comer um sanduíche amanhã estão nessa situação por falta de oportunidade, mas simplesmente porque deram de ombros às oportunidades que tiveram. O quê? Vai me dizer que você nunca ouviu falar em vagabundo? Nasceu ontem, querido? Ademais, em que manual está dito que exaltar o feito de A significa automaticamente desmerecer o feito de B? Por que raios eu preciso me debulhar em lágrimas diante da foto de uma criança com alguma doença (e aqui cabe uma mijada, você que posta fotos de crianças com deformidades físicas no Facebook pedindo like, por que não se filia ao Greenpeace e se joga no Ártico?). Aliás, a burrice acompanha o intelecto danificado dessa galera, que acha que o número de likes numa foto vai garantir tratamento pra alguma doença pra alguém. Deveria, isso sim, ter tratamento mental pra quem pede likes no Facebook.

E isso tudo não existiria caso essa propensão ao recalque, conhecido como coitadismo, não estivesse infectado nosso meio feito o vírus Influenza. Normalmente o incapaz de ter sucesso naquilo que faz culpa tudo pelo seu fracasso, menos a si mesmo. Ou é o capitalismo, ou é o rico, ou é o tempo, ou é o William Boner ou o Galvão Bueno.

Eu prefiro exaltar de igual forma qualquer feito, seja de quem for. Porque, afinal, separar as pessoas em classes ao invés de exaltá-las pelas coisas realmente úteis e interessantes que fazem, é característica desse partido que hoje está no poder.


domingo, 11 de maio de 2014

É santo e de casa...



   Texto e foto de Valéria del Cueto

“Quem é que vai comprar aquilo?” especula a moça da barraca ao lado, do alto de sua cadeira de praia para o grupo de amigas que usufrui o sol da Ponta do Leme.
São eles, o sol e a Ponta, que me atraem. Minhas tábuas de salvação. Referências, junto ao mar e a praia, para onde corro quando não consigo espremer da vida por falta ou excesso de assuntos, um bom tema para aquela crônica que deveria ser semanal.
Assumo a culpa por, tal qual Ícaro, querer atingir o sol sem os equipamentos adequados. Em minha presunçosa autossuficiência, fui largando no decorrer das semanas escrevinhantes, os itens mágicos que me conectavam com o que só pode existir como um exercício do prazer de escrever pra dizer.
Um tempo ruim me fez trocar a praia por outro lugar qualquer, a pressa eliminou uma etapa da depuração e ajuste dos textos, deixei de escrever a mão e passei a castigar o teclado cada vez mais em cima do laço... O dead line minou a poesia de ter o poder de escrever neste caderninho nas tardes preguiçosas das sextas.
E assim, sem que fosse percebida, a conexão especial que gerou tantas histórias que da contemplação levava à ação desvaneceu, murchou. Quase não me deu  conta a chama estava se extinguindo. Descobrir essa carência foi como um soco no estômago. Ficou um vazio de fôlego e argumentos.
Estanquei, parei e, depois de um período de análise cheguei à conclusão que, para recuperar o prazer de escrever, só fazendo novamente o ritual do bem contar. Estou na praia. É tarde de sexta feira! No trecho. Até a hora... que acaba a carga da caneta. Sem dó nem piedade, antes mesmo de fechar a primeira das duas laudas de costume. E lá vou de volta pra casa... ainda sem meu tudo de inspiração.
A vida é assim, definitiva e cruel de vez em quando. Por isso é tão importante não deixarmos passar as oportunidades de celebrar as vitórias que ela nos traz. Nossas e dos que nos cercam. Como a longa jornada do  jornalista Cacá de Souza  para estudar e divulgar a incrível história de Cândido Rondon.
Quando penso em Mato Grosso a primeira figura que me vem à mente é a de Rondon. Vi pela primeira vez a sua imagem num livro de história quando estudava na escola Batista de Ponta Porã. Dali para frente nunca deixei de procurar saber mais sobre ele. E fiquei muito feliz quando descobri a cruzada de Cacá - aqui e no exterior -  tentando reunir e contar para todo mundo quem era e quais os feitos extraordinários do mato-grossense de Mimoso. Com maior ou menor intensidade, de acordo com o interesse que desperta, essa  busca nunca parou. Pode diminuir a marcha, mas sempre anda para frente.
Foi esse caminho que o levou a ser o palestrante e exibir seus dois documentários Rondon e a Cartografia e Expedição Roosevelt  na Exposição “Rondon - Vida e obra”, no Centro Histórico e Cultural Mackenzie, em São Paulo, no dia das Comunicações, 5 de maio, e ser apresentado assim: “...o cineasta e jornalista, Cacá de Souza, biógrafo e referência no estudo da vida e da obra de Cândido Mariano da Silva Rondon”. Dois motivos de orgulho para o estado: Rondon e o fato de ser um jornalista de Mato Grosso a autoridade escolhida para as palestras do evento!
Estranho foi a Secom de Mato Grosso, no release distribuído sobre a Exposição para os órgão de imprensa, omitir a participação  de Cacá no evento paulista. O mesmo governo estadual que patrocinou os filmes do jornalista exibidos e aplaudidos na  Mackenzie. Esquecimento ou falta de dimensão do esforço dos que projetam para o mundo os feitos do maior herói mato-grossense.

Nossa mulher no Rio, Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuyabano”,  do SEM SIM...  delcueto.wordpress.com


Gravata     
A vida é assim, definitiva e cruel de vez em quando. Por isso é importante não deixarmos passar as oportunidades de celebrar as vitórias que nos traz.

sábado, 5 de abril de 2014

Rainha morta e rei nu. Que venha a Copa


   Texto e foto de Valéria del Cueto

Tempo bom, tempo ruim. E cada tempo é um tempo, apesar de parecer que ele, o tempo, está cada vez mais curto.
Tudo é pouco e acontece mais rápido, especialmente o que não é nada. Seria tranquilo se o que hoje é mínimo não pudesse virar um demais daqui a pouco. Não temos a menor noção das consequências de nossos atos porque, por mais que se projete o amanhã, não sabemos o que tantas insignificâncias juntas podem fazer com o nosso futuro.
Parece complicado, mas é simples. Filosofia de crônica em cima do laço. Se assim não for, corre-se o risco de, em vez de chover no molhado os pingos de “sabedoria” semanais se perderem numa enxurrada qualquer, entre o dia de redação e a publicação do texto. E é aquilo, haja cuidado ao emitir opiniões. Até por que estamos mergulhados em tempos de Denorex, onde o que parece, nunca não é. E, quando é, alguém está levando algum.
Por exemplo, por aqui todo mundo sabia dos atrasos que estavam e iam acontecer nas obras da Copa do Mundo. Também era voz corrente as cachoeiras e cascatas de dinheiro que seriam desperdiçadas, a corrupção, a má qualidade dos serviços... Qual é a novidade?
Nenhuma, a não ser o fato que tem muita gente incomodada com as opiniões externas sobre nossa gente bronzeada e a capacidade intrínseca que temos de tropeçar em nossas próprias pernas e fazermos, de um paraíso na terra, um verdadeiro inferno de Dante. O bonde passou, o sino tocou e lá estávamos nós deixando escorrer como areia entre os dedos, a chance de fazermos pelo menos direitinho o dever de casa.
Enquanto alguns muitos se indignam com o que dizem a nosso respeito e tentam desesperadamente não vestir a carapuça, antes de colocarem na cabeça o chapéu de burro da reprovação automática,  jogando como sempre a culpa nos outros que são eles mesmos, vamos fazendo nosso papel de palhaços incompetentes e corruptos.
Mas que droga, o que falta para entenderem que tudo que sobe desce, tudo que enche esvazia e tudo o que vive morre? Por que essa necessidade de ganhar e acumular para si, quando a Dona História, grande mestra da civilização, já está cansada de ensinar que o único fator de crescimento e evolução viável é a doação para o coletivo?
Por falar em doação, uma pauta interessante: se as obras que não serão da Copa já estão enterradas junto com Ines de Castro, a de Dom Pedro I, filho do rei de Portugal, Afonso IV, cantada em versos de Camões, que também estava morta, como ficam as imensas verbas liberadas sob a égide do RDC, o Regime Diferenciado de Contratações de Obras Públicas?
E já querendo botar lenha na fogueira, quem se habilita a verificar quais foram os contratos firmados e/ou pagos entre a morte da Inês e seu famoso e fúnebre beija-mão? Ou seja, quando todo mundo já sabia que ia dar M-E-R-D-A, mas fazia de conta que o rei estava todo paramentado mesmo desfilando só de capacete nuzinho em pelo pelas obras prometidas com sua “roupa” nova imaginária?
Além de não conhecer a História da Civilização, esse povo também não teve infância. Nunca ouviu falar em “A Roupa Nova do Imperador”, conto de fadas do dinamarquês Hans Christian Andersen.
Pensando bem, e mesmo que tivessem ouvido que diferença faria? Agora não dá para mudar nada. Só resta a eles ficarem desfilando com seus narizes de palhaços, a cara-de-pau de sempre e segurar o tranco que vem por aí.
Os próximos meses não serão nada fáceis...


Nossa mulher no Rio é Valéria del Cueto, jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuiabano”,  do SEM FIM...

domingo, 30 de março de 2014

Ziriguidum Pantanal, outra odisseia ambiental. À luta!



  Texto e foto de Valéria del Cueto

O senador Blairo Maggi, presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e controle do Senado convida a população para o ciclo de debates que analisará sua própria obra: o PLS750/2011 (Projeto de Lei do Senado). Ele dispõe sobre a Política de Gestão e Proteção do Bioma Pantanal. As audiências, solicitadas pelo Senador Delcídio do Amaral, (MS) acontecem nesta segunda feira nas Assembleias Legislativas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em Cuiabá e Campo Grande, respectivamente. Pantaneiros, compareçam!

Analisando o projeto:
“...por ter sua origem no Poder Legislativo, a proposição não deveria atribuir obrigações e funções para órgãos das administrações federal e estaduais, pois essas ações são competência do Poder Executivo. Desse modo, são necessárias alterações à proposição, em especial nos arts. 6º, 12, 17 e 18, no parágrafo único do art. 1º, no inciso XXVII do art. 2º, no inciso I do § 7º do art. 7º e no § 2º do art. 9º para evitar conflito entre os Poderes.”
“...Com relação à juridicidade, cabe advertir que o projeto necessita ser compatibilizado com a legislação vigente e com os acordos internacionais dos quais nosso país é signatário... Para atender às Convenções de Ramsar e sobre Diversidade Biológica, dever-se-ia constituir restrições ao uso de agrotóxicos e ao plantio de transgênicos na região, com o objetivo de conservar a diversidade biológica e garantir a preservação das aves aquáticas, que são espécies muito suscetíveis à contaminação por produtos químicos.”
“O § 1º do art. 13, que permite a substituição da vegetação nativa para a implantação de pastagens cultivadas, pode acarretar a perda de diversidade biológica, sendo, portanto, incompatível com a Convenção sobre Diversidade Biológica.”
“...Também devemos enfatizar que houve omissão das áreas de Reserva Legal no Capítulo II da proposição e nesse caso incumbe a introdução de um artigo sobre o tema ao projeto.”
“...Existe, ainda, a necessidade de alterar os arts. 1º, 2º e 3º para acomodar as normas da Lei de Recursos Hídricos sobre gestão de bacias hidrográficas. O objetivo dessas alterações é considerar a gestão das bacias da região desde as suas nascentes e os efeitos dos empreendimentos hidrelétricos nos rios da bacia do Paraguai sobre o “pulso de inundação”, que é considerado o principal fator que define a ecologia do Pantanal.”
“A moratória de cinco anos cinco anos para a pesca profissional e amadora, presente no art. 16 da proposição, está em dissonância com a Lei da Aquicultura e Pesca... Não existe base técnica que justifique a moratória e cabe enfatizar que esses setores, por dependerem efetivamente da preservação dos recursos pesqueiros, normalmente promovem a conservação do Pantanal.”
“O projeto também precisa ter incluído um artigo que comine sanções penais, de preferência relacionadas à Lei de Crimes Ambientais.”
“...e, no art. 15, que trata da navegação fluvial, é preciso impedir que as intervenções irreversíveis nos cursos d’água alterem a velocidade do escoamento, o volume de água e a capacidade do transporte de sedimentos.”
 “...no art. 2º do projeto também deveriam ser incluídos outras modalidades de pesca além da de subsistência, como a pesca amadora.”
“Incumbe padronizar a terminologia ao longo do texto da proposição e, em especial, utilizar o termo “bioma Pantanal” ao invés “bacia do rio Paraguai” quando está se referindo ao bioma e não à bacia hidrográfica. A utilização do termo “bioma Pantanal” deve ser feita ao invés do termo “planície alágavel do Pantanal”, pois o ecossistema é constituído tanto pela região alagável quanto pela não alagável.”
* Trechos do parecer do relator da matéria na comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, senador Eduardo Lopes. Encaminhado com uma emenda substitutiva integral este parecer foi retirado de pauta pelo autor, suplente do senador Marcelo Crivella que retornou ao senado e assumirá a relatoria.
**Eduardo Lopes é o atual  Ministro Da Pesca.


Valéria del Cueto, nossa mulher no Rio, é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuiabano”,  do SEM FIM... delcueto.wordpress.com


Gravata      
“dever-se-ia constituir restrições ao uso de agrotóxicos e ao plantio de transgênicos na região, com o objetivo de conservar a diversidade biológica”

sexta-feira, 21 de março de 2014

Tempestade na Cidade












Texto e foto de Valéria del Cueto


Quem avisa amigo é, diz o ditado desatualizado. Avisar não é mais o que era antes. Hoje, todo mundo avisa. Nem sempre por ser amigo...

Desde quando estão avisando que as chuvas vão chegar aqui no Rio? Faz tempo. O Climatempo e co-irmãos estão firmando nessa tese, sem muito sucesso, desde o final do ano passado e durante todo o verão que já terminou.


Eram as chuvas de fim de tarde que nunca caíram, as águas de março que estão a caminho e por aí adiante. Um mar de esperanças climáticas não realizadas. E lá se vão os reservatórios já sem chances de recuperarem as chuvas prometidas e jamais desaguadas, cada vez mais minguados, assim como a nossa paciência.


Há quem tenha desistido da tecnologia das informações massificadas por garotas do tempo e seus efeitos especiais nos telejornais, aplicativos nos smartphones e, até mesmo, os horários dos eventos nas páginas das redes sociais que já vem com a previsão do tempo incluída. Outro dia foi disparado um convite irrecusável, mas que ao lado da data e do horário trazia a temperatura prevista e o aviso: TEMPESTADE. E olha que não era nem uma possibilidade, era uma informação monossilábica e demolidora. Intrigada com o detalhe procurei um lugar para desativar a informação e descobri ser impossível. A anti propaganda estava obrigatoriamente indexada na página, desestimulando os convidados ou, no mínimo, recomendando o uso de capa, guarda-chuva e galocha. E olha que o evento pedia traje passeio completo! Vá que “tchova”, cuiabanicamente falando...

Por Cuiabá a situação é inversa. Tanto que a desculpa para o atraso das obras da Copa é a totalmente previsível e anualmente encharcante. “Diz que” a quantidade de chuvas atrapalhou o cronograma do estádio que não está pronto. Mas é o menos atrasado entre os atrasados, comemora o site da SECOPA!

Se a gente considerar que dos 12 estádios 9 já estão entregues chegamos a conclusão aristotélica e pitagoresca, (sem precisarmos aplicar a teoria de Fermat), que somos os antepenúltimos no ranking! (o que parece ser uma grande vitória, especialmente se levarmos em conta que, no caso de São Paulo, o atraso foi provocado pelo acidente com o guindaste, lembram?) Melhor sabermos que pagamos por uma informação tão precisa e animadora disparada para os nossos veículos de comunicação. Afinal, é muita matemática para explicar o inexplicável. A mesma aplicada nos cálculos do custo da obra de construção da Arena Pantanal. Só especialistas de alto gabarito mesmo...


Voltando às águas que não chegam ao Rio de Janeiro: outro dia enquanto, mais uma vez, se anunciava uma virada no tempo cigarras cantavam animadíssimas nas árvores que sombreiam as ruas. O comentário geral era a chuva que chegaria. Quando alguém salientou o fato de que cigarras avisam que o tempo vai firmar... tomou uma vaia. O argumento era de que está tudo muito confuso na natureza e, portanto, as cigarras estavam embolando o meio de campo. Pergunto a vocês: choveu?


Niente. Está quente e seco. O que é problema para uns(Dilma, nossa ex-ministra das Minas e Energia, que o diga se, dessa vez, leu o relatório completo) é alegria para outros: um céu deslumbrante, num azul especial, enfeita o horizonte das fotos que retratam a paisagem da Cidade Maravilhosa divulgadas para incentivar o turismo entre uma notícia e outra de ataques as UPPs, mortes de policiais e seres humanos sendo arrastados nos carros dos PMs. A Copa vem aí!


No céu, as gaivotas enlouquecem. Passeiam em bando de um lado para o outro. “Alinhadas”, disseram, é sinal de que as águas estão chegando. Olho para o Atlântico,  na Ponta do Leme. Lá estão elas, bailando bem na linha da água, em voos aparentemente desordenados. Abaixo, a superfície do mar num tom esmeralda, não está espelhada. Parece se mexer. Outro sinal da chuva chegando? Quiçá para eles. Para elas e para mim a situação é clara: há um gigantesco cardume na área e muito alimento para os pássaros. Talvez digam que a peixarada seja o sinal das chuvas que estão a caminho.





Gravata                                    

Dos 12 estádios, 9 estão prontos. Chegamos a conclusão aristotélica e pitagoresca (sem aplicar a teoria de Fermat):somos os antepenúltimos no ranking!




nota do editor:Nossa mulher no Rio, Valéria del Cueto, é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”,  do SEM FIM... 


domingo, 4 de agosto de 2013

Conhece o Ramake? Não? Nem eu! Mas a Folha conhece...


quarta-feira, 31 de julho de 2013

Burrice

Sempre fui um iconoclasta. O nome deste blog é uma prova disso.

Mas acontece que eu também sou - veja você - ser humano, e como tal, possuo uma faculdade racional que me permite enxergar os limites das coisas. E você, suponho, compartilha da mesma faculdade.
Isso nos diferencia dos cachorros, por exemplo, quando vemos que não é uma boa ideia sair latindo atrás de carros em movimento. Tivesse o cachorro uma noção de limites, veríamos menos nossos amigões mortos no asfalto. Nem mesmo o seu instinto o salva.

Acho que, darwinianamente falando, a espécie humana é muito apta sobreviver no meio porque demonstra ter noção dos seus limites e se auto-impinge barreiras para sua própria sobrevivência.

Só que essa característica não se vê em todos. Uma parcela pequena carrega em sua formação genética características de total falta de noção de limites e colocam, dessa forma, a sua vida física e social em constante perigo.

Pra ilustrar bem a coisa, coloque nessa sopa os malucos que arriscam suas vidas andando a 180km por hora numa via expressa, fazem ultrapassagens perigosas e irresponsáveis, bebem até estourar o fígado e depois dirigem, andam de moto sem capacete, saltam de paraquedas (sim, isso, na minha concepção, é uma atitude idiota, mas enfim) nadam em locais com quatrocentos avisos que tem repuxo ou tubarões, etc.

A total falta de limites também se vê em atitudes antissociais como as que vimos por parte de um grupo na Marcha das Vadias semana passada.
A primeira vez que ocorreu essa manifestação eu achei justificada. Como resposta a algum idiota que teria dito que a mulher só é estuprada porque sai às ruas vestida de vadia. Aliás, resposta melhor pra uma bobagem dessas não poderia ter havido.

Só que a coisa - como sempre - acaba por cair no lugar comum ao se repetir sem um motivo aparente.
Quem acompanha esse blog, ou me conhece pessoalmente, sabe que sou ateu e sempre advoguei pela total separação de igreja e estado. Cago e ando pra qualquer crucifixo, imagem ou símbolo religioso.

Porém, não acho que isso me dá o direito ao desrespeito. Eu não acho que a atitude daqueles panacas na Marcha das Vadias no Rio, ao mesmo tempo do congresso católico, foi uma boa ideia. Não entendo como pode ser pretendente de conseguir respeito um grupo de pessoas nuas irem às ruas (com os rostos tapados, claro) quebrarem imagens de santos e simularem masturbação com crucifixos.

Isso choca e provoca nojo ao invés de conseguir simpatia à causa. Isso é burrice. É como os médicos fazendo greve não atendendo àqueles que mais sofrem com o problema da saúde no Brasil, ou como os rodoviários não saindo das garagens deixando milhares de trabalhadores desassistidos. 

Por mais que eu esteja cagando pra qualquer imagem e simbologia religioso, por mais que eu ache que a igreja católica é nefasta quando demoniza a camisinha, o aborto e os relacionamentos homo-afetivos e adoção de crianças por casais gays, a atitude dessa gente em meio a senhoras e crianças que estavam por perto para acompanhar e praticar a sua fé foi um belo tiro no pé.

Quando eu vejo aquele tipo de cena eu penso em meus pais, que são pessoas a quem tais símbolos são caros. Isso provocaria neles mais revolta e nojo do que qualquer tentativa de parar para pensar na mensagem que eles estariam passando. E aí, ora bolas, a coisa acaba sendo absolutamente inútil e sem sentido.

Tivessem essas pessoas se limitado a erguer seus cartazes com suas mensagens de forma pacífica e menos abjeta, tenho certeza que teriam suas ideias alcançado de forma mais limpa e objetiva os olhos de quem por lá passava.

O que resultou foi que a pantomima agressiva do grupo ofuscou qualquer tentativa legítima de passar uma mensagem procedente adiante e fazer as pessoas pensarem e avaliarem o que defendiam. A sua total falta de limites ou noção de limites transformou o que poderia ser uma oportunidade de serem ouvidos num ritual grotesco e antipático, para dizer o mínimo. 
Ou seja, muito obrigado por deturpar totalmente uma revindicação correta pelo laicismo. Vocês conseguiram jogar isso no lixo.

Apenas tenho a lamentar que alguns autoproclamados livre-pensadores e humanistas estão se tornando uma gente que não tem limite algum para sua agenda. Em breve eles acabarão virando uma caricatura de si mesmos.

Se já não viraram.