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domingo, 11 de maio de 2014

É santo e de casa...



   Texto e foto de Valéria del Cueto

“Quem é que vai comprar aquilo?” especula a moça da barraca ao lado, do alto de sua cadeira de praia para o grupo de amigas que usufrui o sol da Ponta do Leme.
São eles, o sol e a Ponta, que me atraem. Minhas tábuas de salvação. Referências, junto ao mar e a praia, para onde corro quando não consigo espremer da vida por falta ou excesso de assuntos, um bom tema para aquela crônica que deveria ser semanal.
Assumo a culpa por, tal qual Ícaro, querer atingir o sol sem os equipamentos adequados. Em minha presunçosa autossuficiência, fui largando no decorrer das semanas escrevinhantes, os itens mágicos que me conectavam com o que só pode existir como um exercício do prazer de escrever pra dizer.
Um tempo ruim me fez trocar a praia por outro lugar qualquer, a pressa eliminou uma etapa da depuração e ajuste dos textos, deixei de escrever a mão e passei a castigar o teclado cada vez mais em cima do laço... O dead line minou a poesia de ter o poder de escrever neste caderninho nas tardes preguiçosas das sextas.
E assim, sem que fosse percebida, a conexão especial que gerou tantas histórias que da contemplação levava à ação desvaneceu, murchou. Quase não me deu  conta a chama estava se extinguindo. Descobrir essa carência foi como um soco no estômago. Ficou um vazio de fôlego e argumentos.
Estanquei, parei e, depois de um período de análise cheguei à conclusão que, para recuperar o prazer de escrever, só fazendo novamente o ritual do bem contar. Estou na praia. É tarde de sexta feira! No trecho. Até a hora... que acaba a carga da caneta. Sem dó nem piedade, antes mesmo de fechar a primeira das duas laudas de costume. E lá vou de volta pra casa... ainda sem meu tudo de inspiração.
A vida é assim, definitiva e cruel de vez em quando. Por isso é tão importante não deixarmos passar as oportunidades de celebrar as vitórias que ela nos traz. Nossas e dos que nos cercam. Como a longa jornada do  jornalista Cacá de Souza  para estudar e divulgar a incrível história de Cândido Rondon.
Quando penso em Mato Grosso a primeira figura que me vem à mente é a de Rondon. Vi pela primeira vez a sua imagem num livro de história quando estudava na escola Batista de Ponta Porã. Dali para frente nunca deixei de procurar saber mais sobre ele. E fiquei muito feliz quando descobri a cruzada de Cacá - aqui e no exterior -  tentando reunir e contar para todo mundo quem era e quais os feitos extraordinários do mato-grossense de Mimoso. Com maior ou menor intensidade, de acordo com o interesse que desperta, essa  busca nunca parou. Pode diminuir a marcha, mas sempre anda para frente.
Foi esse caminho que o levou a ser o palestrante e exibir seus dois documentários Rondon e a Cartografia e Expedição Roosevelt  na Exposição “Rondon - Vida e obra”, no Centro Histórico e Cultural Mackenzie, em São Paulo, no dia das Comunicações, 5 de maio, e ser apresentado assim: “...o cineasta e jornalista, Cacá de Souza, biógrafo e referência no estudo da vida e da obra de Cândido Mariano da Silva Rondon”. Dois motivos de orgulho para o estado: Rondon e o fato de ser um jornalista de Mato Grosso a autoridade escolhida para as palestras do evento!
Estranho foi a Secom de Mato Grosso, no release distribuído sobre a Exposição para os órgão de imprensa, omitir a participação  de Cacá no evento paulista. O mesmo governo estadual que patrocinou os filmes do jornalista exibidos e aplaudidos na  Mackenzie. Esquecimento ou falta de dimensão do esforço dos que projetam para o mundo os feitos do maior herói mato-grossense.

Nossa mulher no Rio, Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuyabano”,  do SEM SIM...  delcueto.wordpress.com


Gravata     
A vida é assim, definitiva e cruel de vez em quando. Por isso é importante não deixarmos passar as oportunidades de celebrar as vitórias que nos traz.

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