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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A favor da vida ... de uma pessoa, não de uma célula



Vamos ser sinceros, ninguém gosta de aborto.

Num mundo perfeito as pessoas não precisariam se valer dessa infeliz alternativa para livrar-se de uma gravidez indesejada. E quando falo indesejada incluo aí desde estupro até aquele rápido "papai-e-mamãe" no sofá da sala enquanto papai e mamãe estavam no supermercado.

Em um mundo perfeito as mulheres não são estupradas, camisinhas não furam e métodos anti-concepcionais são de uma eficácia receitafederaliana. Em outras palavras:  crianças nascem a partir de um cuidado exercício de planejamento familiar do casal. Ah sim, e todas têm os dois pais (ou duas mães,  a gosto do cliente). Não podemos dar de ombros para a informação que 50% dos partos são de filhos não desejados ou planejados.
Mas, infelizmente, o mundo está longe da perfeição. As pessoas estão longe de serem perfeitas e a sociedade é essa coisa que vemos aí diariamente nos apontando o dedo sujo.

Então o primeiro erro dos críticos contra o aborto é concluir que,  se uma pessoa é a favor do aborto, logo, ela  gosta de aborto e, então, lá irá ela abortar feito louca como fazem as ricas comilonas que lipoaspiram-se semestralmente. Não. O troço, a meu ver, é mais como o cara que é a favor da legalização da maconha, que tudo o que quer é poder comprar seu baseado e queimá-lo em casa, assim como um juiz de direito o faz com um Blue Label de 600 mangos.

Ser a favor do aborto é, antes de mais nada, ser a favor da liberdade da mãe, como mulher e possuidora do seu corpo, de decidir o que quiser sobre ele mesmo. Você dirá: "mas agora  trata-se de uma outra vida dentro do corpo dela, não dela apenas". Concordo em parte. É outra vida? É, mas não é outro ser humano. Um embrião humano em seus primeiros estágios de gestação é tão ser-humano quanto qualquer célula do nosso corpo. Não possui córtex ( pra você que lia a bíblia ao invés de livros de biologia, córtex é o que basicamente o que  difere os homens  dos demais animais) e sequer tem sistema nervoso central.

Pra deixar a coisa mais clara, um espermatozoide é tão ser humano quanto um embrião recém concebido. E como bem falou Dr Drauzio Varella, "se aborto é assassinato, masturbação é um genocídio."

 Poderá, ao contrário do espermatozoide easy-rider,  depois vir a ser um homem ou uma mulher - embora conheça cada espermatozoide ambulante por aí que vou te contar.
Disse "poderá" porque a própria natureza da gestação humana é capaz de aprontar uma surpresa e interromper o processo, naquilo que conhecemos como "aborto natural".

O segundo erro dos críticos, é que as suas argumentações estão repletas de termos religiosos como "espiritualidade", "alma" e alguns vão mais longe e atrevem-se a citar o deus da mitologia judaico-cristã. Só que,  helloooo, o estado brasileiro é laico, ou seja, não tem religião, o que significa que criar Leis baseadas em fundamentos religiosos não pode! Por mais que você fique aí esperneando e dizendo que eu vou pro inferno. Olha as minhas rugas de preocupação...

Fosse o caso de reduzirmos a coisa toda do aborto, como alguns querem, para o hall do "é crime e acabou", como pode que esses mesmos resolvem ser automaticamente a favor em caso de estupro?

Por quê? Afinal de contas agora  o embrião deixou de ter toda aquela conversa fiada de alma e bla-bla-bla de espiritualidade e deus bla-bla-bla? O feto que a mulher carrega, porque é fruto de violência sexual, virou culpado? Por favor me expliquem essa porque não consigo entender. Onde é que está isso na Bíblia? O filho do estuprador tem que pagar pelo crime do pai? Tsc, tsc, tsc...

Ser contra os outros abortarem é, além de uma invasão ao direito individual alheio, colocar em um embrião uma condição social acima de qualquer mulher. É conceder a um embrião (que é um conjuntinho de células) direitos civis em detrimento de uma cidadã com vontades, desejos, perfil psicológico definido, caráter, sentimentos, amores e história de vida.

Agora, se mesmo assim você for contra o aborto, simplesmente não faça.
Mas não diga o que os outros podem ou não fazer porque a sua religião não aprova. Pois isso abre precedentes para que, daqui a pouco, a CNBB trabalhe um lobby para tornar os métodos anticoncepcionais crime.

Aí vai ser engraçado a galerinha do dedo sujo falando em liberdades individuais...

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